domingo, 3 de julho de 2011

Gratidão

Obrigado.

Por aquilo. Por tudo. Pela rosa. Pelo ovo. Pelo tempo.

Obrigado.

Pelo abraço. Pelo beijo. Pelo amor. Novamente. Pela dor. Pelas palavras. Por todos.

Pelo sentimento. Por estar. Por gostar. Por exatamente tudo aquilo.

Obrigado.

Pela música. Pelo Palhaço. Outra vez. Pela cerveja. Por você.

Obrigado.

Pelo choro. Pela noite. Por agora.

Pelo piriquiti. Por me fazer sentir.

Obrigado.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A Doce História de Quem Não Aprendeu a Falar

Por mais que tentasse, não conseguia. Não importava quando e nem com quem. Simplesmente, não podia. Isso era desde moço. Procurou mudar, jura. Só que lhe faltava o essencial, que nem ao menos o próprio sabia do que se tratava. Talvez fosse pedir demais. Já não dotava do embasamento necessário para tal, e ainda se via em um posto de conformidade imposta. Procurou ajuda. O que não adiantou muito. Tentou resolver como nos filmes. Também não obteve êxito. Prometeu a si mesmo que não veria mais nenhuma obra do gênero. Olhou em volta, com a esperança de que algo lhe servisse de inspiração. Quem sabe o céu. Não, não. Ou então o mar. A maresia não lhe agradava muito. Compor uma música talvez. Não era dos mais afinados. Chegou a cogitar desistir. Só que não podia. Não dessa vez. Resolveu então lutar pelo que ansiava, mesmo que corresse todos os riscos. Os tais riscos que o fizeram por tantas vezes se omitir. Tinha medo. Medo de não conseguir. Medo de não saber nem o que balbuciar. E continuava tendo. Era linda. Acho que a mais por quem o rapaz já sentiu. Era doce. Moça dos olhos d’água. Tão bela quanto a mais suave melodia já composta. Era hora. Não havia mais pelo que esperar. Mas, de que forma, se nem a mais simples vogal era pronunciada¿ Tornava-se cada vez menos provável. O que não devia importar muito, nunca foi bom em probabilidade. Só que importava. Mesmo tentando ouvir os conselhos alheios, que nem sempre ajudaram. Mas, que serviam ao menos de consolo. Caminhava através dos campos. Delirando a vontade de soletrar. Esperando o que já não devia. Palavras amigas ou não lhe atormentavam. Sim, a adorava. E esperava. O doce momento onde pudesse. Por mais que demorasse. Um poeta sem palavras, que clamava por um verso que fosse. Diante de tamanha falta, tentou se adequar. Buscou, novamente, saídas. Dessa vez, fez do seu jeito. O que não deveria. Nem ao menos pensou. Escreveu. Entregou. Uma rosa. Um bilhete. E fugiu. Observou. O olhar da bendita. Viu a lágrima que escorreu. Sorriu. Já era o bastante.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

João

Não estava bem, era evidente. João se ressentia de alguma coisa que fizera por esses dias. Percebia que não era o mesmo. Como se não houvesse mais sentimentos em seu interior. Referências passadas se extinguiam assim como perspectivas futuras. Falta de esperança. Talvez, nem seja esse exatamente o vocábulo. Há uma ausência sentida. Só que ainda não se soube discernir de qual vazio se trata. Na verdade, sabe-se de onde provém o vácuo citado. Tudo bem que não surgiram muitas vertentes a serem seguidas. Tudo bem que não foram capazes talvez. Mas, João não as culpa. A culpa é dele. E apenas dele. Todo o bem que tanto prezava se esvaia aos poucos. Era mais cômodo ser assim. Mais prazeroso em diversas oportunidades. Simplesmente, não estava mais disposto. Não fazia isso por mal, apenas, segundo ele, se adaptou ao que é exigido. Noite na Taverna foi retirado da cabeceira. Álvares de Azevedo deixou de ser lido. Um bem estar meramente hedonista aparentava ser o estado quisto. Expressões latinas, bucólicas e efêmeras surgiam em meio aos seus pensamentos. Achava que já não mais podia. Ou pior, tinha certeza. Tornara-se frio... Passou a calcular. Resolvia equações quilométricas. Fugia da mínima possibilidade de marcar a alternativa errada. Não que quisesse marcar alguma. Era só por precaução. Passou, também, a conjugar. Em todos os tempos e em todas as pessoas. Atentava para a transitividade. Concluía. Há verbos que não necessitam de complemento para serem conjugados. E João parecia mesmo ser um desses.

domingo, 21 de junho de 2009

Hora de Partir

Me acomodei em teu peito
No mais seguro leito
Tão carinhoso e doce.
Estava lá. Por mais cruel que fosse.

Tentei por vezes sair.
Juro, esforço eu fiz.
Só que não me deixavas.
Não te culpo, também não quis.

Hoje, percebi.
Que não devo mais
Um coração iludir
Vou ancorar em outro cais.

E assim libertar
Quem só me fez bem
Agora, devo ir.
É hora de partir.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Presente

Nem todos os aniversários foram felizes para ele. Presentes e festas nem sempre condiziam com o desejado. Tinha esperança de encontrar entre os embrulhos aquilo que pedira e sonhara a cada ano. A ansiedade todas as vezes o tomava, corria, sem ao menos parar para pensar nos possíveis desgostos de sua afobação. E rasgava todos. Rasgava com raiva, não por mal, mas por um extravasamento de seus sentimentos. Foi assim por vários anos, por várias festas. Em um desses dias, quando já não acreditava mais, um embrulho novo se destacava em meio ao colorido dos outros. Não quis saber de nenhum desses, aquele o atraia de forma única. Uma sensação boa, uma vontade de não mais olhar outro presente cresceu dentro dele. Decidiu não abri-lo de tão belo que era. Então, o guardou na mais escondida gaveta de seu bagunçado armário. Não era o dia de desembrulhar. Não foi o dia por muito tempo. Tinha medo de não corresponder com o que ansiava, ou mesmo de que outrem desfizesse o laço vermelho que o envolvia. Trancada a gaveta estava, e muito bem trancada. Com chave única, que carregava consigo por onde andava. Não queria correr o risco. Na modorrenta tarde de um sábado qualquer, teve que sair às pressas. Correu, estava atrasado. Só que, atravessando a avenida, necessitou repentinamente do que pensava estar dentro da caixa de papelão enfeitada. Um sentimento de inquietude aumentava, como se não tivesse a certeza de que o presente estaria lá onde deixou. Como se não tivesse mais a garantia de sua presença. E de fato não tinha. Havia esquecido a chave. Voltou rapidamente a seu quarto, abriu seu armário... e caiu de joelhos. Lágrimas escorreram: o embrulho estava aberto. Alguém tirava do pobre mancebo aquilo que ele mais prezava. Não tinha mais o que por tanto a tempo cultivou. Um cultivo incerto, pois não fazia ideia do conteúdo da caixa. Não sentiu a satisfação de tê-lo aberto, muito menos de ter o privilégio se usufruir do que estava guardado. Desiludido ficou. Outros aniversários passaram, outros presentes vieram. Mas, não tinha vontade de abri-los. Pareciam banais e sem valor. Talvez, até dotassem de valia, só que não observada. Chegou a pensar em não querer mais presentes. Não queria mais sentir a decepção de perder outra vez. Viveu por algum tempo assim, até que, em uma manhã despretensiosa, abriu o armário para pegar algo qualquer. Não acreditava: o embrulho estava novamente feito. Da mesma forma que deixou antes daquela fria tarde de sábado. Pensou com seus botões a razão do presente ter voltado sem chegar a qualquer conclusão lógica. Abriu-o imediatamente ao vê-lo novamente, certo? Não. Então, vai guardá-lo outra vez? Também não. Na verdade, até hoje, não sabe o que fazer. Paira uma dúvida cruel em sua mente: abre-o mesmo não tendo a certeza de estar pronto para abrir ou guarda-o com o idealismo de antes. Talvez, nem haja, realmente, essa dúvida. Guardá-lo tão fervorosamente, de certo, não fará mais. Quanto a abrir, ainda não se decidiu. Essa sim é a verdadeira dúvida. Com o tempo optará, só que não se sabe quanto tempo ele terá.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Não mais, Pierrot.




Terça de Carnaval. Festejos ao som de frevo, enfeites e fantasias decorando o ambiente. Alguns mascarando, talvez. Escondendo algo que já não quisera que se fosse percebido. Pierrot entra no pátio. Belas moças presentes no recinto. Uma chamou-lhe a atenção, mesmo que rapidamente. Uma menina de vestido verde reluzente. Fantasiada de fada. Ou não. Pierrot não tinha certeza do que era. Porém, não era esse o verdadeiro foco dos olhares do jovem. Ela estava lá: Colombina. Esbanjando simpatia e beleza pelo salão. Fazendo-se notar por onde passava. Exalando seu suave perfume, que já enfeitiçara o alegre Pierrot. Pierrot estava, novamente, compenetrado na jovem moça, a espera de um aceno. De um sorriso, quem sabe. Espera que perdurava por tempos. Nunca com a resposta ansiada. Eis que surge um aceno. E, pasmem, um sorriso também. Uma felicidade não antes sentida toma o coração do jovem rapaz. Ajeitou-se, intrépido, e rumou pelo caminho que tanto desejava. Chegando lá, notara o real endereço do cumprimento. Não, não era ele o destinatário. Era a Arlequim tal saudação. A antes felicidade torna-se uma frustração sem tamanho. Não mais queria ficar. Decidiu, então, ir para a esquina esquecer. De repente, uma mão o toca. E uma voz pede que não vá. Era a menina do vestido. Pierrot, mesmo assim, já havia se decidido. Ela insistiu. Relutava por sua presença no pátio. De tão persistente, conseguiu convencê-lo. O mancebo, pela primeira vez, vidrou realmente os olhos na moça. Era linda mesmo. Existia algo diferente em seu olhar. Algo nunca presenciado por ele. Então, para o baile voltaram. Pierrot sentia-se novamente feliz. Percebera que outras esquinas também existiam pela avenida. Na quarta-feira, pensou em se desfazer das cinzas que a tanto tempo estavam em seu coração. Pensou melhor. Não, não iria mais. Viu que era um pecado simplesmente excluir tudo o que viveu, tudo o que sentiu. Elas permaneceriam lá. Só que em um espaço diferente. Então, Carnaval se foi. E com ele o que mais marcava o jovem garoto. Um dia novo raiou. O dia em que Pierrot deixou de chorar pelo amor da Colombina.

sábado, 4 de outubro de 2008

E as cortinas se cerram




Abrem-se as cortinas e dá-se início ao espetáculo. O elenco está completo. O protagonista presente, como não poderia faltar. Não há pícaro. Ou talvez haja, ainda não se sabe. Desenrola-se, então, a controversa fábula em um cenário nem sempre fictício e repleto de quiprocós intrigantes. O protagonista atua com fervor, ansiando por aplausos do público. Aplausos que muitas vezes não condizem com o merecimento de quem os clama. Enredo enfadonho. É uma tragédia. A luta contra o destino traçado nas tortas linhas do script se faz bastante nítida. Luta sem êxito algum. O engodo da história envolve o protagonista. Não há espcapatória. Há dias em que o ator não sobe ao palco para sorrir. Figurantes vem e vão. Coadjuvantes se fazem necessários. Eis que surge o pícaro, já se pode notá-lo. Está onde menos se espera, talvez. Um Macunaíma subentendido nas entrelinhas das atuações. Chegamos ao clímax do drama, ao ápice da parábola descrita no espetáculo. O protagonista segue à risca o roteiro, mesmo contrariado. A conformidade necessária. Atuação digna de troféu em Broadway, mas não fora condecorado com o prêmio. Foi dado a outro. O fim da trama se anuncia. E sem um final feliz aparente. As cortinas, então, se cerram. O palco se esvazia, o espetáculo acabou. Um silêncio ensurdecedor toma o ambiente. Por hora, espera-se. O show tem que continuar.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Noite de Inverno



Noite fria. O mar já não parecia tão bonito como antes, as velas dos barcos ancorados não eram mais tão atraentes. Resolvi, então, sentar em um banco qualquer, sem nenhum propósito. Para pensar, talvez. Ou não. Já não tinha controle sobre o que pensava. Provavelmente, as taças de vinho fazendo efeito. Vinho dado por ela horas antes... Ah, ela. Não fazia idéia de onde poderia estar. Olhava pro céu com a esperança de vê-la entre as constelações. Olhava, olhava e nada via. Ou melhor, via algo, mas não o que procurava. Um amontoado de astros cintilantes começou a disputar meus pensamentos com ela. Em vão. Era mais forte que pensava. Um misto de sensações me tomava, sentia tudo. Mas faltava sentir o principal. E fazia falta. Deu-se então a chuva, que se fundiu com uma lágrima minha que caía. Pessoas estranhas fugiam da tempestade, só não eu. Queria ficar, precisava ficar. Precisava lavar a alma, me desfazer daquilo, pro meu própio bem. Aumentou a intensidade. A antes relaxante brisa se tornou um vendaval. Vendaval que varria tudo em seu caminho. Só não varria o que eu queria. A maré crescia. Tornava-se perigoso permanecer onde estava. Precisava correr esse risco. Algo precisava sair de mim. Há momentos que temos que gritar, espernear, ou simplesmente não falar. Talvez, esse tenha sido o meu erro: falar. Já sabia da resposta, mas existia um mínimo fiapo de esperança em meu interior. Tinha que ouvir de sua boca. E ouvi. Da mesma maneira que ouvi gritos vindos do continente. "Saia daí, garoto! É perigoso!" Não mais me importava. Inconscientemente, rumara em direção ao mar. Já que não teria meu amor, tinha que me entregar a outro. Então me entreguei e não mais voltei.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Barack, o homem certo?


Estampado na capa da edição de Julho de uma das mais consagradas revistas do mundo, Rolling Stone, Barack Obama é tido como o "Messias", que pode vir a mudar de maneira contundente a política norte-americana e causar uma certa "tensão" na tradicional forma governamental solidificada em Washington.
De gosto musical refinado(escuta, entre outros, Rolling Stones e Bob Dylan), Obama se mostra sempre convicto em seus discursos, sempre esbanjando um grande otimismo. Otimismo e auto-confiança que, de certo, devem estar ainda maiores depois de vencer Hillary Clinton nas prévias democratas e aparecer a frente do Republicano John McCain em pesquisas realizadas. Aparentemente simples e calmo, o democrata controla muito bem sua candidatura ao posto de líder da maior economia do mundo. Porém, toda essa calma e tranquilidade não o impede de demonstrar seu caráter de liderança e sua maneira muitas vezes aguerrida de pensar e agir. Como podemos muito bem observar em uma de suas respostas à RS quando indagado a respeito de o que o motivou a se candidar à presidência: "Pensei que seria capaz de tomar decisões mais adequadas como presidente do que o atual ocupante do posto". De fato. Tomar decisões mais lúcidas e inteligentes que George W. Bush não deve ser muito difícil.
Entre as propostas do atual senador de Illinois, destacam-se a proposta de criação de uma nova política energética e a retirada das tropas norte-americanas do território Iraquiano. Em relação a primeira, Obama pretende diminuir a dependência dos EUA do petróleo estangeiro buscando novas fontes de energia, ele é um defensor convicto da utilização do Etanol. Isso mesmo, ele defende a utilização do Etanol. Só que do Etanol norte-americano. Utitlizando-se de uma estratégia bastante semelhante a usada pelo Brasil há cerca de 20 anos atrás com a formação de enormes subsídios. Além disso, pretende não diminuir a sobretaxa cobrada em cima da importação do etanol brasileiro. Ou melhor, pretende sim. Mas apenas quando os ianques já estiverem com a produção a todo vapor. Ou seja, o democrata mostra que poderá vir a ser um excelente presidente. Para os EUA. Outro exemplo dessa forma de pensamento puramente protecionista é a afirmação feita por Obama no relatório elaborado por sua equipe sobre a América Latina: "a liderança do Brasil em biocombustíveis causa certa preocupação". Interessante vermos no país que se recusou a assinar o Protocolo de Kyoto e reduzir, assim, sua emissão de gases poluentes pelo "receio"(no mais alto eufemismo) de freiar seu crescimimento econômico, existir um candidato que prese tal diminuição. Será que o aquecimento global finalmente derreteu as gélidas idéias presentes na cabeça dos líderes norte-americanos? Quem sabe.
A ocupação do Iraque tembém é um fato que intriga Obama. Ele defende que as tropas da terra do Tio Sam devem ser retiradas o mais rápido possível do Oriente Médio. Essa é uma das propostas em que Barack mais se apoia. Resta saber agora se realmente ocorrerá ou se é apenas um blefe eleitoral.
São atribuidos ao senador democrata diversos rótulos. O novo John Kennedy, o novo Martin Luther King. Comparações bem exageradas, por sinal. Talvez seu carisma e sua jovialidade possam ser características relacionadas com as de Kennedy, porém Obama terá que provar muito, se for realmente eleito, para que se possa ser feita a mínima menção ao primeiro presidente norte-americano nascido no século XX. Quanto a Luther King, é comparado por ser
negro, mas também terá que se mostar um grande defensor dos direitos dessa minoria.
Paira, ainda, uma grande desconfiança em cima do democrata. Até mesmo por estar em um país claramente reacionário e preconceituoso. Existem barreiras que devem ser quebradas. E Obama parece ser, realmente, uma nova alternativa para se mudar o império norte-americano. Se bem ou mal, só o tempo dirá.

sábado, 9 de agosto de 2008

Ah, as Olimpíadas!


Ano olímpico, mês olímpico, dia olímpico, hora olímpica. Enfim, deu-se inicio as Olímpiadas na China. O maior evento esportivo do planeta, que atrai atenções dos quatro cantos do mundo. Organização quase perfeita, apenas um ou outro pequeno entrave que não desabrilhantou, pelo menos até agora, o evento. Criatividade elevadíssima. Tudo indo as mil maravilhas. O que mais me chama a atenção em época de Olimpíadas, como também em ano de Copa do Mundo, não são apenas os atletas. Ah, a beleza escultural das obras? Não. A união de vários povos em torno do "Espírito Olímpico"? Também não. Temos pontos a observar e comentar. É evidente a beleza das obras em Pequim, a Vila Olímpica pode ser tomada como exemplo, não podemos ignorar isso. Porém, também ocorreram fatos lastimáveis em relação às tais obras monumentais. Por exemplo, várias famílias foram despejadas de suas casas para a construção de prédios e ginásios olímpicos. Protestos foram realizados, é claro, mas sem nenhuma consequência maior. Como é de costume do reacionário governo chines, as manifestações foram controladas sem maiores repercussões. Mas as Olimpíadas servem para unir os povos ao menos, não é? Pode até ser que sim. Mas, não foi o que ocorreu no caso sempre complicado das duas Coréias, que entraram e contabilizaram medalhas juntas em Atenas. Dessa vez, aconteceram problemas e as duas voltaram a se separar "olimpicamente". Também foi bastante perceptível, só não tomou conhecimento quem não viu sequer um noticiário durante o ano, as complicações e protestos sobre a emancipação do Tibet. Em vários locais do planeta, enquanto a tocha olímpica era conduzida pelos atletas de diversos países, manifestações foram efetuadas por adeptos Tibetanos.
É interressante também vermos como o evento ocupa bastante tempo na grade de programação da maioria dos canais abertos. Não apenas no transcorrer dos jogos, mas também nos notíciários. E como, de certa forma, deixa em segundo plano outros acontecimentos, muitas vezes relevantes.
É a chamada "Alienação Olímpica". Todos durante os jogos olímpicos ficam secos para apurar o que ocorre no país sede. É usada como uma maneira de satisfação nacional. Por exemplo, alguém mais comentou sobre o caso Daniel Dantas da abertura pra cá? Ou sobre o andamento das eleições presidenciais norte-americanas? Ou mesmo de nossas eleições municipais? Até que sim, mas não com a ênfase que se deveria. Outro aspecto que vale se salientar é o aparecimento repentino de um patriotismo muitas vezes exacerbado. Vamos lá, Brasil! Não que ache errado torcer por seu país, mas falo em relação a não existência desse sentimento por parte de muitos no período pré-olímpico e pós-olímpico. Ah, se fosse assim o tempo todo...
Antes que me perguntem, não sou contra as Olimpíadas. Nem sou contra o esporte. Adoro esporte. E gosto dela também. Só acho que algumas coisas devem ser ditas. Enfim, viva as Olimpíadas!